domingo, 4 de março de 2007

O deslumbramento

Ontem foi dia de Benfica-Aves.
Não que fosse grande derby, na mesma hora jogavam Sevilha e Barcelona num bem mais apetecível encontro, mas deixo essa análise para os meus companheiros de equipa.
Não compreendo se o encontro com a careca mais luzidia do campeonato português toldou as ideias ao mister Fernando Santos, mas o Benfica realizou uma das exibições mais fracas dos últimos tempos arrancando um triunfo a ferros onde não seria previsivel.

A análise:

O Benfica começa o encontro recuando Katsouranis para central, incorporando o Derlei no meio campo. A confiança no central de reserva será assim tão pouca?
Kat, fruto de uma enorme cultura táctica e qualidade individual não sentiu grande dificuldade a jogar a central, Derlei no entanto, a meio campo foi um jogador esforçado mas inconsequente. Derlei não tem aquilo que se exige a um médio moderno: pressing defensivo, compensações e contemporização. A sua incorporação a meio campo resultou num jogador que não sabia efectuar um pressing eficaz sucumbindo à tentação em correr atrás do jogador contrário que tinha a bola em vez de cortar linhas de passe e impedir a progressão vertival, não conseguiu compensar os desiquilibrios atacantes quando os laterais ou karagounis avançava no terreno, e não soube definir os tempos de ataque da equipa. Perdeu-se assim um médio defensivo eficaz e mais importante perdeu-se um médio de transição. Não surpreendeu portanto a ineficácia atacante do Benfica e o constante recurso a passes longos solicitando os avançados.
Foi constangedor ver, após uma recuperação de bola, Kat avançar de cabeça erguida como sempre faz temporizando o jogo ofensivo, largando a bola contra natura para os jogadores do meio campo devido à sua posição recuada. No meio campo estava Petit, jogador importante na recuperação e compensações defensivas mas que não sabe definir a transição defesa-ataque, Karagounis que é um excelente organizador mas que não é capaz de progredir com a bola sendo um jogador de definição em espaços curtos por excelência e por último Derlei que não tem cultura táctica para fazer as transições. Na frente Simão não recebia a bola em condições por isso não brilhava, também não queria recuar recuar em demasia para vir buscar jogo porque depois faltava lá à frente. Nuno Gomes e Miccoli eram presas fáceis para um Aves bem organizado defensivamente que sobrepovoava o centro, pressionando o meio campo q.b. para que este já de si deficitário não funcionasse.
Na segunda parte Derlei alarga a frente de ataque saindo por fim do meio campo, vai para a direita, Simão para a esquerda, ficando o meio campo mais composto. Petit recua ligeiramente para tarefas mais defensivas, Karagounis encarrega-se da transição. Resulta parcialmente, o Benfica marca. Petit compensa a defensiva, Nélson sente-se mais à vontade avança, ganha a linha e assiste Nuno Gomes. O Aves joga com 10 e o Benfica gere o resultado. Essa gestão é mal feita, porque novamente não há ninguém que controle tacticamente o jogo e defina os tempos de ataque e de defesa. Um mau jogo de futebol arrasta-se até ao final com o Aves ciente que fez o encontro possível mas continua a não justificar por tão perdulário a permanência no primeiro escalão.
Fernando Santos não compreende que para ter 3 jogadores no meio campo é fundamental não só ter lá 3 jogadores mas sim que um deles possua um conhecimento intrínseco de táctica e da leitura do jogo para orquestrar a velocidade e o formato das transições atacantes. Ganhou, pode ser bestial, mas se ele próprio reconhece a fraca exibição será altura de pensar que a melhor maneira de atacar não é definida pelos atacantes, mas sim por uma linha média capaz de saber o que fazer, com e sem bola.

2 comentários:

Miguel disse...

Boa analíse! Mais uns meses e ja sabes os 11 titulares de todas as equipas do Calcio. :D
Abraço

Daniel C. disse...

Eheh, já esteve mais longe...

Gd abxo!