quinta-feira, 3 de maio de 2007

O maior inimigo de Mourinho

Pelo título parece que vou falar de Rafael Benítez mas não. O treinador espanhol é talvez o maior adversário de Mourinho, ou pelo menos o que lhe dá mais dores de cabeça mas o seu maior inimigo não mora em Liverpool. O maior inimigo do treinador Português é ele próprio.

Ele é o meu treinador. Não seria capaz de escolher outro porque odeio perder. Mas apesar da minha imensa admiração pelo “special one” também consigo ver os seus defeitos. E como eu acredito que o maior inimigo de um homem são os seus defeitos, digo que o ego de Mourinho é o seu maior inimigo.

Sou completamente apaixonado por futebol, alguns me chamariam mesmo de fanático, e isso me faz obrigatoriamente ser um dos maiores fãs do trabalho do actual treinador do Chelsea, porque ele é o símbolo do treino no futebol moderno, um modelo na qualidade de trabalho, na inovação, no discurso, nos resultados. Mas por vezes perde-se em guerras estéreis, desgastando inutilmente a sua energia e a energia do seu clube, com os únicos beneficiados destes golpes teatrais a serem os jornais que sempre anseiam por mais “sangue”.

Os dois exemplos mais recentes em que José Mourinho se deixou vencer pelo seu ego, foi a troca de palavras com Cristiano Ronaldo e a falta de poder de encaixe no final do jogo de 3ª feira com o Liverpool, que ditou a passagem dos de Anfield à final da Champions League a realizar este mês em Atenas.

No primeiro caso tudo começou com o técnico português a comentar com palavras duras os árbitros da Premier League dizendo que parecia existir uma regra que proibia os árbitros ingleses de assinalarem grandes penalidades contra o Manchester United. Mourinho tinha totalmente razão, em casos de duvida o Manchester era constantemente beneficiado, ele queixou-se e com razão. Usou palavras duras, utilizou o seu discurso arrogante e directo mas foi justo, tinha de falar em defesa da sua equipa. Um treinador serve para isso mesmo, para defender os interesses dos seus. Mas quando Mourinho responde a Cristiano Ronaldo fazendo referencia a possíveis problemas na educação do jovem internacional português perde toda a razão, perde todo o bom senso. Passa uma linha perigosa que separa os “mind games” do ataque pessoal que no desporto é em qualquer situação injustificável.

No segundo caso José Mourinho não conseguiu encaixar a derrota que afastou o Chelsea mais uma vez da final da Champions e mais uma vez derrotado pela equipa de Benítez. Com toda esta frustração, o líder dos “Blues” tentou obter de alguma forma um vitória moral dizendo no fim do jogo que a sua equipa tinha sido a melhor em campo e que por isso mereciam passar, mas desta vez ate nem foi verdade. Existiu justiça na passagem do Liverpool à final, como seria justo se fossem os Londrinos a viajar ate Atenas para disputar o tão ambicionado trofeu, porque foi uma eliminatória muito equilibrada. No primeiro jogo foram melhores os de Mourinhos e no segundo foram melhores os de Benítez.

Mourinho na final do jogo, disse ainda que o ambiente de Anfield Road não é assim tão especial e que não teve nenhuma influencia no jogo. Como é possível negar a magia de Anfield Road? Se o ambiente não é especial ali também não o é em mais nenhum estádio, o que é um disparate.

Temos de ser grandes nas derrotas e ainda maiores nas vitórias, grandes em respeito. Mourinho sempre teve alguma dificuldade em lidar com as vitorias mas sobretudo com as derrotas. Ele em momento algum se deve esquecer que é um líder de homens, um ídolo para muitos e não uma criança mimada a quem se diz não.

Apesar disto, continuas a ser o meu treinador. A ser o maior, e por isso mesmo sabes que esperamos de ti pouco menos do que a perfeição.

O central silencioso


É um daqueles jogadores de quem raramente se fala, que todos reconhecem o seu valor mas que não fazem parte das capas dos jornais, nem figuram nos prémios dos melhores do ano.
Jamie Carragher é provavelmente neste momento o melhor central do Mundo atrás do nosso Ricardo Carvalho, se não forem os dois melhores são os que estão em melhor forma o que vai dar ao mesmo.
O central do Liverpool é um jogador imenso, na sua qualidade de colocação, na sua entrega ao jogo, no seu acreditar, no seu espirito de luta que orgulha o ambiente mágico de Anfield Road.
Ele vai a cada bola como se fosse a ultima que pudesse disputar, com a alma de quem tem uma missão divina, a missão de proteger a sua baliza, o seu guarda – redes, os seus companheiros da amarga sensação de sofrer um golo, da derrota.
Não é um jogador exuberante, nem parece possuir capacidades extraordinárias mas é sobretudo um jogador completo, que tem na sua maior qualidade a eficiência, e que melhor qualidade pode ter um central que a eficiência?
Por pior que esteja a correr o jogo, por pior que a equipa esteja a defender, os jogadores do Liverpool e os seus adeptos sabem que na maior parte das situações vai existir um pé ou uma perna de Carragher a cortar um lance de perigo para a sua baliza, ele vai aparecer nem que seja no ultimo momento quando já nada parece poder ser feito, ele aparece com a generosidade tão característica do futebol inglês.
Talvez fosse essa generosidade que possibilitou a Agger, seu companheiro no centro da defesa de Liverpool, fazer uma óptima adaptação ao futebol inglês e a equipa logo na sua primeira época em terras de sua majestade.
Carragher é a par de Gerrard o jogador que encarna o espirito mágico que se vive em Anfield Road num dia de jogo, o espirito que leva os seus adeptos a cantar o “you will never walk alone” com a devoção de quem reza a um Deus maior.

terça-feira, 1 de maio de 2007

A metralhadora giratória ou simplesmente Romário

Romário para mim será sempre especial, será sempre o melhor, porque faz parte do meu imaginário de criança apaixonada pelo futebol. Do Dream Team do qual ele fez parte em Barcelona sob as ordens de Cruyff até ao mítico Mundial de 94 em que ele levou o Brasil ao tetra campeonato. Tudo isto faz parte das minhas memórias de infância e nada pode concorrer com isso, porque a magia do que acontece na nossa infância é irrepetível, incomparável. Como escreve a antiga estrela brasileira Tostão, Romário “não foi o mais premiado centroavante de todos os tempos, nem sei se foi o melhor, mas foi o mais genial, o que mais me fascinou.”

Romário teve sempre a eficácia como principal arma, mas tudo que seus pés ofereciam ao futebol era inevitavelmente belo. Johan Cruyff disse a respeito de Romário que: "Ele é o génio da grande área". Talvez como ninguém ele dominou aquele espaço sagrado do campo, com os seus dribles curtos, com o seu remato de bico, com aquele toque de bola adocicado. Ele aparecia com a pontualidade dos predestinados, na hora que tinha marcado com o destino para sempre finalizar a criação de Deus com um golo.

O seu principal segredo estava na simplicidade com que finalizava, e nunca a simplicidade no futebol foi tão bela. Marcou golos de todas as formas e feitios, e marcou tantos que alguns tinham de ser repetidos porque já não era possível inventar mais formas de marcar.

A sua genialidade foi talvez o seu maior entrave para não ter ganho mais títulos, para não ter um sucesso mais duradouro na Europa, porque preferia “o treino” na praia jogando futvólei do que treinar com a equipa dois toques num campo pequeno. Mas a sua genialidade foi provavelmente o que lhe permitiu expressar o seu talento, sem essa genialidade ele teria sido mais um, não teria sido Romário.

Apesar de ser fã incondicional do “Baixinho” acho que ele já devia ter terminado a sua carreira como futebolista à uns 4/5 anos atrás, mas ele continua na sua cruzada pessoal para alcançar o golo 1000. Seria para ele como que entrar num clube divino com um acesso muito restrito, seria estar na companhia de lendas como Pelé, Eusébio, Di Stéfano e Gerd Muller.

Romario será o último jogador a entrar para este clube, porque o futebol mudou. Por isso todos devemos compreender a obsessão do brasileiro em atingir a meta dos 1000 golos, é uma forma de se tornar uma lenda imortal ainda vivo, com a oportunidade de ainda poder festejar marcando um golo mais na “sua” praia de Copacabana.

P.S.: para melhor perceber quem foi Romário ler a fantástica crónica de Tostão sobre Romário - Fenomenal Centroavante

segunda-feira, 30 de abril de 2007

O Jogador

Eu sempre pensei que o melhor do futebol são os jogadores. Por amor ao jogo, pela origem comum e suburbana, pela herança que recebem dos craques veteranos, eles são depositários de uma cultura muito particular.

Homenagem

A matéria-prima é: a bola, o campo de jogo, um estádio onde a multidão ruge. Mas o futebol é um milagre feito por homens jogando. Glória aos artistas que - sem outra universidade além da rua, a miséria e a disputa - construíram o maior espetáculo do século.

Quem se emocionar com as táticas que levante a mão

Jorge Valdano, "Apuntes del Balón", La Esfera de los Libros, 2001

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Taça UEFA

O Espanhol de Barcelona acabou de despachar o Werder Bremen por 3 – 0 numa das meias-finais da taça UEFA. Os alemães, equipa que muito aprecio, cometeu demasiados erros e acabou por ter alguma sorte em não sofrer mais golos.

A equipa de Barcelona apresenta uma confiança impressionante o que a faz correr mais que o adversário, o que a faz ganhar quase todas as bolas divididas, o que a faz chegar quase sempre primeiro à bola, o que a faz ser a única equipa nas taças europeias que ainda perdeu qualquer jogo, no mínimo extraordinário.

Quem acredita assim merece ganhar, merece estar na final, porque o futebol é sobretudo uma questão de fé, não fosse ele a maior das religiões.

Quando os meninos se fazem homens



Mikel John Obi chegou ao Chelsea no verão passado depois de um transferência envolta em polémica onde o Manchester United também esteve envolvido. O Nigeriano antes de se transferir para Inglaterra jogava no humilde campeonato Norueguês no F.C. Lyn Oslo.

Mourinho viu-se obrigado a apostar em Mikel como titular face as lesões que varreram a equipa Londrina esta época, e como ele próprio reconheceu essas lesões também tiveram um aspecto positivo, o aparecimento de Kalou mas principalmente de Mikel que de outra forma não teriam hipóteses de terem tantos jogos para mostrarem o seu talento face à qualidade que impera no meio campo e ataque do Chelsea com jogadores já consagrados.

Mikel fez a semana passada 20 anos e ainda tem a inocência e timidez dentro de campo de um menino que de um momento para o outro se vê a lutar lado a lado com os seus ídolos pelos maiores troféus, nos maiores estádios, contra as melhores equipas. E ainda ontem isso ficou demonstrado, principalmente na primeira parte, quando Mikel raramente arriscava um passe para a frente preferindo quase sempre passar para o lado e muitas vezes para trás. Com o decorrer do jogo isso foi alterando-se, na 2ª parte, com a postura mais atacante do Liverpool ele foi obrigado a lutar mais, a estar mais concentrado e talvez isso lhe desse a confiança que lhe faltava para o resto do jogo, isso e os constantes incentivos de Mourinho a partir do banco para ele subir, para esticar mais o jogo da equipa que chegou a sofrer, face a pressão vigorosa dos jogadores de Rafa Benitez. Avançou mais no terreno, arriscou mais nos passes, fez uma grande abertura para Kalou que não aproveitou. Quando o Chelsea deixou de ter um Makelele começou a ganhar um Mikel que quanto a mim acabou em grande, acabou tal e qual como ele é, um excelente jogador imerso num talento natural que por vezes custa a sair pela timidez que parece ser de um menino.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Como o futebol pode ser admirável


A magia de Káká, a imprevisibilidade de Cristiano Ronaldo, a inteligência de Pirlo, a entrega de Gattuso, aquela assistência do Scholes, o espírito do Giggs, a segurança de Nesta, o talento de Seedorf, o sacrifício de Fletcher, a estrela de Rooney. Tudo isto num poema chamado Manchester 3 Milan 2.

Já estamos à espera do Chelsea vs Liverpool!