quinta-feira, 3 de maio de 2007

O central silencioso


É um daqueles jogadores de quem raramente se fala, que todos reconhecem o seu valor mas que não fazem parte das capas dos jornais, nem figuram nos prémios dos melhores do ano.
Jamie Carragher é provavelmente neste momento o melhor central do Mundo atrás do nosso Ricardo Carvalho, se não forem os dois melhores são os que estão em melhor forma o que vai dar ao mesmo.
O central do Liverpool é um jogador imenso, na sua qualidade de colocação, na sua entrega ao jogo, no seu acreditar, no seu espirito de luta que orgulha o ambiente mágico de Anfield Road.
Ele vai a cada bola como se fosse a ultima que pudesse disputar, com a alma de quem tem uma missão divina, a missão de proteger a sua baliza, o seu guarda – redes, os seus companheiros da amarga sensação de sofrer um golo, da derrota.
Não é um jogador exuberante, nem parece possuir capacidades extraordinárias mas é sobretudo um jogador completo, que tem na sua maior qualidade a eficiência, e que melhor qualidade pode ter um central que a eficiência?
Por pior que esteja a correr o jogo, por pior que a equipa esteja a defender, os jogadores do Liverpool e os seus adeptos sabem que na maior parte das situações vai existir um pé ou uma perna de Carragher a cortar um lance de perigo para a sua baliza, ele vai aparecer nem que seja no ultimo momento quando já nada parece poder ser feito, ele aparece com a generosidade tão característica do futebol inglês.
Talvez fosse essa generosidade que possibilitou a Agger, seu companheiro no centro da defesa de Liverpool, fazer uma óptima adaptação ao futebol inglês e a equipa logo na sua primeira época em terras de sua majestade.
Carragher é a par de Gerrard o jogador que encarna o espirito mágico que se vive em Anfield Road num dia de jogo, o espirito que leva os seus adeptos a cantar o “you will never walk alone” com a devoção de quem reza a um Deus maior.

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