Futebol espectáculo ou nem por isso?
A propósito do encontro entre a Republica Checa e a Alemanha que se vai realizar no próximo sábado, a contar para a fase de qualificação do EURO 2008, perguntaram ao médio Checo do Arsenal Rosicky o que ele achava do actual momento de forma de Michael Ballack. Rosicky respondeu “Não sei, não tenho visto o Chelsea jogar. Eles são uma equipa aborrecida.”
É quase unânime que o Arsenal é a equipa da Premier Legue que melhor futebol exibe tendo como critério o espectáculo, sendo muito provavelmente a melhor equipa na Europa a este nível mas por outro lado encontra-se a 14 pontos (com menos um jogo) do Chelsea estando fora da luta pelo título Inglês.
Afinal o que devemos valorizar no futebol moderno, o espectáculo ou a competitividade? Podem as duas vertentes coexistirem numa equipa?
A reposta é óbvia, claro que sim. O exemplo mais recente é o último vencedor da liga dos campeões e actual campeão espanhol Barcelona, que na época transacta arrebatou os verdadeiros adeptos do futebol espectáculo com uma equipa que chegou a criar a ideia de ser quase invencível. Outro exemplo claro foi a equipa dos galácticos de Madrid na era de Vicente Del Bosque, uma equipa imparável, adocicada pelo talento e fantasia de Figo, Raul e sobretudo Zidane, criando verdadeiros momentos de êxtase futebolístico.
Por outro lado temos o Milan, a Juventus e o Bayern de Munique que recentemente foram campeões dos respectivos campeonatos e venceram a liga dos campeões sem grandes brilhantismos em termos de espectáculo, uma vez que declaradamente deram primazia ao pragmatismo e racionalidade. Um grande exemplo disso mesmo foi o campeão europeu Liverpool sob o comando de Rafael Benítez, que baseia muito do seu futebol numa estrutura defensiva eficaz dando pouco liberdade para os talentos.
Conseguiria o Valência de Héctor Cúper e de Benítez ter sido finalista da Liga dos Campeões e vencedor da Liga Espanhola respectivamente, com um futebol mais atractivo? Ou toda a sua eficácia se perderia de imediato?
O exemplo da moda nesta questão de futebol espectáculo/resultados é o Chelsea de José Mourinho. Eu sou um admirador confesso de Mourinho, mas estando um dia destes a ver um jogo da sua equipa pensei, como é que é possível as pessoas pagarem bilhete para ver um jogo destes? O Chelsea tinha marcado cedo e estava acerca de 60 minutos a controlar o jogo, de forma excelente alias como usualmente fazem, mas aquela situação era no mínimo aborrecido, já todos sabíamos que os Blues iam ganhar e a única coisa que nos restava desse jogo era esperar pelo fim do mesmo. Talvez com sorte teríamos mais um golo do Chelsea. Mas deixo outra pergunta, será que não devemos valorizar a capacidade soberba que os campeões de Inglaterra têm em controlar os ritmos de jogo, antecipar as jogadas adversárias, fazer posse de bola? Será que isso não é á sua maneira espectáculo?
A equipa do “Special One” foi montada para ter resultados positivos, ganhar. Passando o entretimento/espectáculo para uma espécie de bónus que pode existir ou não. Mas para sermos justos temos de agradecer ao Chelsea de Mourinho algum dos maiores espectáculos de futebol que nos lembramos, como os inesquecíveis embates com o Barcelona, só lamentamos que não sejam mais frequentes.
O romantismo do futebol Sul-americano e a ingenuidade do futebol Africano já não têm espaço no futebol moderno Europeu e com isso perdeu-se alguma alegria, alguma fantasia e alguma irreverência mas sobretudo ganhou-se intensidade, competitividade, velocidade e penso que a qualidade de jogo melhorou com isso, mas não a sua beleza.
Durante uma semana por vezes vejo 10 jogos de futebol, com alguma sorte 4 são bons jogos de futebol e com muita sorte 1 será um bom espectáculo.
Quais serão os verdadeiros parâmetros que nos devemos basear para afirmar que estamos na presenças de um boa equipa de futebol? Vitorias? Golos? Espectáculo?
No fundo o que todos nós queremos é que existam fantásticos jogos de futebol, recheados de golos maravilhosos, com fintas mirabolantes mas que todos os fins de semana a nossa equipa ganhe nem que seja por 1 a 0 com um penalty inexistente marcado no ultimo minuto depois de um jogo sem remates as balizas.
2 comentários:
o último paragrafo resume tudo. excelente cronica roger, parabens.
abxo
pessoal, e q tal uma antevisão do grande classico?
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