Futebol de qualidade I
Querem ver futebol ofensivo de qualidade? A resposta é óbvia, claro. Para isso basta estar atento ao campeonato alemão, aos jogos do Werder Bremen, um autêntico regalo para os amantes de futebol ofensivo. Neste momento é talvez a equipa que mais prazer tenho em ver jogar.
A equipa costuma-se apresentar num 442, com o meio campo disposto no losango da moda.
A linha defensiva é usualmente constituída por Fritz com lateral direito, Wome com lateral esquerdo, sendo Naldo e Mertesacker os centrais. O meio campo é geralmente preenchido por Vranjes no vértice mais recuado, o “nosso” Diego no vértice mais avançado, Frings como médio interior direito e o gigante Borowski como interior esquerdo. Como pontas de lança têm o letal Klose e a jovem esperança alemã Hunt, este ultimo tem sido aposta muito por culpa da ausência forçado por doença de Klasnic.
A linha defensiva é fisicamente muito poderosa, tem uma média de alturas de uns impressionantes 189cm, sendo que Naldo mede 195cm e Mertesacker 198cm. Com a ajuda de Borowski (194cm), e do guarda-redes Wiese (193cm) o jogo aéreo defensivo raramente é um problema e o jogo aéreo ofensivo é um problema mas para os adversários já se está mesmo a ver porque. Os dois laterais são de uma forma geral muito ofensivos, principalmente Wome do lado esquerdo. Naldo apesar da sua altura consegue ser um central bastante rápido, é o líder da defesa e um dos jogadores mais queridos pelos adeptos.
A linha de meio campo tem a segurança defensiva de Vranjes, um jogador que tem facilidade em fazer a primeira transição ofensiva, e que possui um sentido posicional excelente o que proporciona fazer facilmente os equilíbrios defensivos, dada a sua boa técnica tem autorização para aparecer frequentemente em terrenos mais ofensivos e mesmo em zonas de finalização. Frings é um jogador que não da uma bola como perdida, que recupera por isso inúmeras bolas e que depois possui a qualidade suficiente para sair a jogar quer com a bola controlada quer por passes de qualidade. Borowski tem tido esta época alguns problemas com lesões o que o tem impossibilitado de estar ao seu melhor, mas é sem duvida um jogador chave no meio campo do Bremen, pelo poderio físico que impõem e pela qualidade técnica que possui. Estes três jogadores podem facilmente rodar por qualquer uma das 3 posições mais recuadas do losango o que facilita em muito a vida ao seu treinador. Muito provavelmente o principal missão deste trio é colocar a bola em boas condições em Diego para este tomar decisões.
Diego é talvez um dos melhores jogadores da Europa neste momento e só não tem mais projecção devido à ainda falta de mediatismo da Bundesliga. A sua genialidade não surpreende para quem o conhecia dos tempos em que maravilhava os adeptos dos Santos ao lado de Robinho, o que surpreende é a sua adaptação ao campeonato alemão onde quase sempre a lei do físico é a mais forte. Apesar de Diego não ser um jogador baixo (174cm) é o único jogador dos mais utilizados a medir menos de 180cm, o que dá uma ideia da capacidade física das equipas alemãs. Mas Diego não quis saber de nada disso e limitou-se a encantar com o brilhantismo do seu futebol, é o motor da máquina ofensiva que é o Werder Bremen. Dinamiza o futebol com o talento dos predestinados e executa em alta velocidade porque para Diego não há tempo a perder no futebol, depois do tempo perdido no Futebol Clube do Porto. Nesta primeira época ao serviço dos alemães ele apresenta estáticas fantásticas, 12 golos e 12 assistências em 29 jogos, para um médio é assombroso.
Na frente Hunt não se conseguiu afirmar totalmente face à ausência de Klasnic, tem alternado com Hugo Almeida e Rosemberg na companhia a Klose mas mesmo assim tem sido o mais regular dos três tendo marcado ate agora 8 golos e feito 3 assistências.
Quanto a Klose não há palavras, é simplesmente mortífero. 12 golos e 13 assistências em 27 jogos, estes números dão ainda mais relevancia à estatística de Diego que consegue marcar tanto com o melhor avançado da equipa e um dos melhores do campeonato.
O Bremen apresenta 67 golos marcados em 30 jogos sendo apenas superado (nos cinco campeonatos mais competitivos da Europa) pelo Manchester, Inter e Roma que já marcaram mais golos mas também efectuaram mais jogos.
O treinador é Thomas Schaaf que apesar de ter sido um defesa nos seus tempos de jogador construiu em Bremen um hino ao futebol ofensivo do melhor que tenho visto. È simultaneamente uma equipa muito competitiva, uma vez que o estilo ofensivo declarado não é baseado em ingenuidade mas sim numa cultura táctica de qualidade não perdendo assim eficiência, estando a equipa nas meias-finais da taça UEFA, e disputando a liga alemã, encontrando-se a apenas 2 pontos do primeiro classificado Schalke 04.
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